quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mornas eram as noites: Ele queria tão pouco

República de Cabo Verde

Ministério da Educação e Ensino Superior
Escola Secundária Abílio Duarte
Língua Portuguesa
Análise do Conto “Ele Queria Tão Pouco” da Obra “Mornas Eram as Noites” de Dina Salústio
Este trabalho foi elaborado pelo aluno:
Professor: Ricardino Rocha
• Hélder Semedo nº 10 Turma 10ºF

Introdução

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, no qual irei fazer uma análise do conto “Ele Queria Tão Pouco” da obra “Mornas Eram as Noites” de Dina Salústio.
Durante o trabalho irei falar dos seguintes tópicos:
• Dados Bibliográficos da autora
• Contextualização e estrutura da obra
• Categorias da narrativa
• Modos de Expressão Literária /Formas de apresentação da narrativa
• Recursos Estilísticos/Figuras de estilo
• Resumo do texto analisado
• Níveis de Língua

Dados Bibliográficos de Dina Salústio

Escritora e poetisa cabo-verdiana nascida em 1941, em Santo Antão, em Cabo Verde, com o nome de Bernardina Oliveira. Publicou em 1994 e uma colectânea de 35 contos, Mornas Eram as Noites, que lhe valeu a obtenção do Prémio de Literatura Infantil de Cabo Verde. A Louca de Serrano assinalou a sua estreia no romance, em 1998. Dina Salústio foi uma das fundadoras da Associação dos Escritores Cabo-verdianos, assim como de diversas publicações literárias. Paralelamente à sua actividade de escritora, foi professora, assistente social e jornalista em Cabo Verde, assim como em Portugal e em Angola. Dirigiu também um programa de rádio dedicado a assuntos educativos e foi produtora de rádio. Trabalhou ainda para o Ministério dos Assuntos Exteriores de Cabo Verde.

ELE QUERIA TÃO POUCO
O homem da loja vizinha invadiu a sala de aula, gritando que os rapazes do «Lar» lhe tinham roubado um rádio.
O Lar abrigava adolescentes, sem família e sem casa, que acabavam por abandonar, passando algum tempo, preferindo andar pelas ruas, nas companhias não impostas.
Colérico, o homem insultava-os, derramando toda a raiva armazenada contra os pequenos delinquentes que, volta e meia, se metiam com ele, mais para o enfurecer, do que roubar. Pelo menos não tínhamos conhecimento de nenhum roubo, na zona, que envolvesse os nossos rapazes.
Não faziam um gesto sequer para se defenderem do que o comerciante dizia, limitando-se a olhar para um lado e para o outro, como se estivessem a assistir a um jogo de pingue-pongue. Dei comigo tentando seguir os seus olhares e, quando voltei a atenção para o homem, vi que não tinha ouvido as suas frases finais. Pensei que era um exercício que utilizavam para não se chatearem. Possivelmente, quando eu falava, também olhavam para um nada, num truque anti-chatice. Fiquei furiosa com a descoberta: afinal estava ai a gastar muito do meu tempo, da minha energia, das minhas emoções, e os rapazes desprezavam o que eu dizia!
Voltou-se-me o bom senso a tempo de ouvir o final da revolta do homem da loja.
Prometi-lhe procurar o rádio e devolver-lho, caso o encontrasse e dei a aula por terminada, no silêncio construído.
Os esforços para localizar o aparelho não deram em nada até que um dia alguém me disse que o Picas estava a ouvir rádio debaixo de uma árvore, para os lados da capoeira.
O Picas era dos rapazes mais novos e também dos mais rebeldes do seu grupo. Tinha sempre um ar de caso com que nos procurava convencer de que possuía dados sobre tragédias que irremediavelmente caíram sobre nós, tentando fazer-nos desistir, pelo medo; mas depois que o conhecíamos, passamos a não ligar aos alarmes que, volta e meia, lançava para o ar.
Gostava dele, da garra com que se apegava à vida, da forma como lutava para sobreviver. Nunca falou dos pais ou da família. Nem mesmo na zona da cidade onde costumava estar, alguém tinha outros dados que não fosse o apelido por que o conheciam. Para nós, era o Pica, provavelmente de dez anos de idade, fichado num processo onde as queixas sobre o seu comportamento se amontoavam, sem contribuir, no entanto, com nenhuma informação sobre o passado que desconhecíamos.
Encontrei-o deitado à sombra da árvore, com a barriguinha nua para cima, o rádio colado ao ouvido, quieto, apenas o pé direito no ar, marcando um compasso que eu não adivinhava.
Estava tão indefeso, tão entregue, que preferi deixar para falar com ele mais tarde, consciente de que cometia uma infracção. Mas eu era mais do que um número e estava farta de violências.
O Picas confessou que roubara o rádio, porque gostava de ouvir músico sozinho em silêncio e, na sala, os colegas faziam muito barulho.
Fui com ele buscar o maldito aparelho que estava embrulhado num monte de jornais, dentro de um saco de plástico e amarrado com cordas, cheias de nós. Tinha-o enterrado numa cova funda, bem feitinha, um verdadeiro ninho.
- Eu queria um rádio só para mim – dizia enquanto o retirava para mo dar.
Era mais um sonho que ele desenterrava para abandonar, para entregar.
Eu mesma devolvi o rádio ao homem da loja. Foi a única coisa que o Picas me pediu durante o tempo que estivemos juntos e que, por muito caro que me pudesse custar, eu teria que fazer.
Depois foi o castigo. Mas esse não doeu tanto. A nenhum dos dois.

Contextualização e estrutura da obra

Este conto, pertence a um conjunto de contos seguidos da obra “Mornas Eram as Noites”.
O titulo “Ele Queria Tão Pouco” é um conto que retrata de um adolescente que tinha um sonho de ter um rádio, para ele conseguir tê-lo, ele teve que roubar o rádio de um comerciante, ou seja de um homem que tina uma loja, ao lado da escola em que ele frequentava.
III - Categorias da Narrativa
1 – Narrador
1.1- Quanto a Presença
O narrador é participante, porque participa na história e narra a história na 1ª pessoa.
Ex: pag.25, 4º Paragrafo “Dei comigo tentando seguir os seus olhares…”
“ Fiquei furiosa com a descoberta…”
1.1.1- Quanto ao papel na acção
O narrador é Autodiegético, porque ele sabe participa na história e é a personagem principal
1.2- Quanto a ciência
O narrador é omnisciente, porque ele sobre as personagens do texto.
Ex: pag.26, 3º parágrafo “O Picas era dos rapazes mais novos e também dos mais rebeldes do seu grupo. Tinha sempre um ar de caso…”
1.3- Quanto à visão
O narrador tem uma focalização interna, porque sabe sobre as personagens.
Ex: pag.26, 9º parágrafo “Gostava dele, da garra com que se apegava à vida, da forma como lutava para sobreviver.”

2- Personagens

2.1- Principal
A personagem principal é o próprio Narrador e Picas
2.2- Secundárias
Colérico (homem da Loja)
2.3- Figurantes
Rapaz do Lar

2.4- Caracterização Directa

Heterocaracterização, porque o narrador caracteriza somente as personagens e não caracteriza si mesmo.
Ex: pag.26, 3º parágrafo “O Picas era dos rapazes mais novos e também dos mais rebeldes do seu grupo. Tinha sempre um ar de caso…”
2.5- Caracterização Indirecta

Ex: pag.26, 7º parágrafo “ Picas gostava de ouvir musica, queria viver em solidão e não gosta de barrulho”.

3- Acções
3.1- Principal/Central
Pag.25, 1º parágrafo “O homem da loja Vizinha invadiu a sala de aula, gritando que os rapazes do lhe tinha roubado um rádio”.

3.2- Secundárias

Pag.26, 1º parágrafo “Prometi-lhe procurar o rádio e devolver-lhe, caso o encontrasse e dei aula por terminada, no silêncio construído”.
Pag.26, 5º parágrafo “Encontrei-o deitado à sombra da árvore, com barriguinha nua para cima, o rádio colocado ao ouvido, quieto, apenas o pé direito no ar, marcando um compasso que eu não adivinhava”.
Pag.26, 8º parágrafo “Fui com ele buscar o maldito aparelho…”
3.3-Sequência narrativa das acções

As acções encadeiam-se uma das outras, sem outras histórias das outras pessoas.
3.4- Delimitação da narrativa

É uma narrativa fechada, porque conhecemos o desfecho final da história.
Exemplo: pag.26, 11º parágrafo “Eu mesmo devolvi o rádio ao homem da loja”.

4- Espaço

4.1- Físico

• Sala de Aula (micro – espaço)
• Escola (macro - espaço
4.2- Espaço Social
• Grupo de alunos

5- Tempo
5.1 Cronológico
Pag.26, 6º parágrafo “…, que preferi deixar para falar com ele mais tarde”

5.2 Psicológico
• Pag.25, 2º parágrafo “…Passado algum tempo…”
• Pag.26, 2º parágrafo “…Um dia…”

5.3- Analepse
Ex: pg.26, 7º parágrafo “O picas confessou que roubou o rádio, porque gostava de ouvir musica sozinho…”

5.4- Prolepse
Ex: pag.25, 4º parágrafo “Dei comigo tentando…”

IV – Modos de Expressão Literária/Formas de apresentação da narrativa

1- Narração, porque o narrador narra uma história
Ex: pag.25, 2º parágrafo “ O lar abrigava adolescente,…”
2- Monólogo, porque a presença da fala de uma só das personagens do texto
Ex: pag.26, 7º parágrafo “ – Eu queria um rádio só para mim”

3- Descrição
Ex: pag.26, 7º Parágrafo “ Picas gostava de ouvir musica sozinho e em silêncio…”
Ex: pag.26, 5º parágrafo “debaixo da árvore tinha sombra”
4- Comentário/reflexão sobre o conto

Este conto é um conto interessante, retrata sobre um roubo de rádio feito por um adolescente, que sempre tinha um sonho de ter uma rádio, para conseguir tê-lo ele teve de o roubar a um dono de uma loja, que fica irritado e foi queixar ao professor que os alunos da sua escola roubaram o referido rádio, com a ajuda do narrador este consegue recuperar o referido rádio de um adolescente que tinha um sonho ter uma rádio.

V – Recursos estilísticos/Figuras de estilo

Assíndeto – Supressão das partículas de ligação (vírgula, virgula,)
Ex: pag.25, 2º parágrafo “O Lar abrigava adolescentes, sem família e sem casa, que acabavam por abandonar, passando algum tempo, preferindo andar pelas ruas, nas companhias não impostas.”
Pag.25, 3º parágrafo “…pequenos delinquentes que, volta e meia, se metiam com ele, mais para o enfurecer, do que roubar.”
Comparação – Consiste na relação de semelhança entre duas ideias ou coisas, através de uma palavra ou expressão comparativa ou de verbos a ela equivalentes (parecer, lembrar, assemelhar-se, sugerir).
Ex: pag.26, 4º parágrafo “Gostava dele, da garra com que se apegava à vida, da forma como lutava para sobreviver.”
Metáfora – Comparação de dois termos, seguida de uma identificação.
Ex: pag.25, 3º parágrafo “Colérico, o homem insultava-os…”
Pleonasmo – Repetição de uma ideia já expressa.
Ex: pag.25, 4º parágrafo “Dei comigo tentando…”
Resumo do Conto “Ele Queria Tão Pouco”

O homem da loja ao lado da escola, invadiu a sala de aula, gritando dizendo que os rapazes do Lar lhe tinham roubado um rádio.
Lar é um lugar onde os adolescentes sem um lar e uma família moravam.
Os comerciantes da zona viviam acusando-lhes de roubo, e eles nem sequer faziam nada para se defender, limitavam apenas a olhar um para, na maior calma.
A professora ficou chateada porque ao falar com os rapazes viu que eles desprezavam o que ela dizia, ela prometeu ao comerciante que ela ia procurar o rádio e depois ia devolve-lo.Ela procurou mas sem sucesso, até que um dia alguém lhe disse que o Picas, um dos rapazes mais novos e mais rebelde estava a ouvir rádio. Ele não falava da sua família, da zona e cidade onde viveu.
A professora foi lá ver e encontrou-o relaxado ao ouvir rádio, apesar da infracção que ele cometeu, a professora preferiu deixar para falar com ele mais tarde.
Depois de a professora falar com o Picas, ele confessou que tinha sido ele a roubar o rádio, pois ele gostava de ouvir música em silêncio e nas aulas os outros faziam muito barulho. A professora foi com ele buscar o rádio para devolver ao comerciante. Enquanto o Picas devolvia o rádio ele disse que queria um só para ele, porque era um sonho dele ter uma rádio.
A professora devolveu o rádio ao pedido do Picas, e por fim deu-lhe o castigo.
Os comerciantes da zona viviam acusando-lhes de roubo, e eles nem sequer faziam nada para se defender, limitavam apenas a olhar um para, na maior calma.
A professora ficou chateada porque ao falar com os rapazes viu que eles desprezavam o que ela dizia, ela prometeu ao comerciante que ela ia procurar o rádio e depois ia devolve-lo.

VII – Níveis de Língua

O nível de língua utilizado no conto é língua corrente, porque apresenta vocabulários e construções básicas usuais e simples, usado pela maioria dos falantaes.

Conclusão

Durante a realização deste trabalho, concluo que este conto foi um conto interessante, e aprendi muito como fazer uma análise de um texto, que foi extremamente eficaz para a minha aprendizagem.

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