terça-feira, 31 de outubro de 2017

Edição de estreia do “Morabeza” arrancou ontem em Cabo Verde

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A primeira edição do Morabeza – Festa do Livro, na Cidade da Praia, reúne cerca de quatro dezenas de autores, desde ontem, com uma programação que se estende às escolas, com espectáculos musicais e debates.
A organização, a cargo do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e da Biblioteca Nacional de Cabo Verde com produção executiva da Booktailors, define o evento, que vai decorrer em vários espaços da capital cabo-verdiana, como “o maior evento literário dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”.
A Morabeza “pretende assumir-se como um ponto de ligação entre os vários continentes onde a expressão portuguesa está presente e viva”, afirma a organização, referindo parcerias firmadas com o Festival Rota das Letras, promovido por este jornal, o Festival da Palavra, de Porto Rico e Nova Iorque, e o Literatura em Viagem, de Matosinhos.
A programação da festa tem prevista uma feira do livro, mesas de debate, concertos, sessões de poesia, acções de formação, visitas a escolas e universidades, um colóquio dedicado ao poeta Eugénio Tavares (1867-1930), um seminário internacional sobre o escritor cabo-verdiano Luís Romano, que se radicou no Brasil na década de 1960, e ainda a pintura de um mural pelo duo Acidum.
De acordo com o programa, a Morabeza abriu ontem com uma sessão especial por Olinda Beja, na livraria da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, intitulada “Escrever como quem planta ocás” e dedicada ao público infantil e juvenil. Também ontem foi apresentada a reedição da “Obra de Eugénio Tavares”, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde.
Na sexta-feira, há a cerimónia oficial de abertura, no Memorial Amílcar Cabral, com o título “Sodade – esta língua que nos separa”, com a participação dos escritores Arménio Vieira e Francisco José Viegas.
Até domingo, quando encerra o evento, está prevista a realização de dez mesas-redondas sob diferentes motes como “É doce morrer no mar”, uma canção dos brasileiros Jorge Amado e Dorival Caymmi, ou “Tantu stória pa-m Kontâ-bu”, que aborda a tradição oral; um ciclo de conversas com os escritores “em diversas universidades das ilhas” cabo-verdianas; e a apresentação do livro “Debaixo da nossa Pele – Uma Viagem”, de Joaquim Arena.
Entre os cerca de quarenta autores que vão participar neste evento, foram já anunciados os nomes de Germano Almeida, autor de “O Testamento do Senhor Napumoceno”, José Eduardo Agualusa, que recentemente publicou “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários” e recebeu este ano o Prémio IMPAC de Dublin pelo romance “Teoria Geral do Esquecimento”, e ainda Afonso Cruz, Alexandra Lucas Coelho, José Rodrigues dos Santos, Valter Hugo Mãe, Vera Duarte e Álvaro Laborinho Lúcio. A participação de Carlos Morais José, escritor e jornalista radicado no território, chegou a estar equacionada, mas o nome do autor de “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” não consta do programa final da iniciativa.
Na área dos espectáculos, um trio composto pelos músicos Isabella Bretz, Matheus Félix e Rodrigo Lara apresentará “Canções para abreviar distâncias”, que inclui poemas de José Luís Peixoto (Portugal), Adélia Prado (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Vera Duarte (Cabo Verde), Conceição Lima (São Tomé), Odete Semedo (Guiné-Bissau), Ana Paula Tavares (Angola) e Crisódio Araújo (Timor-Leste).
“Mais do que um encontro de escritores, esta festa literária procura ser um palco internacional para a produção literária cabo-verdiana e para o desenvolvimento do meio editorial local”, afirma a organização da Morabeza – Festa do Livro.

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