quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A PROPÓSITO DO ESTUDANTE DE HOJE



(no facebook, achei esse artigo muito interessante, por isso resolvi compartilhar com vocês. Link: https://www.facebook.com/groups/opulpito/permalink/287758627995136/ )
Creio que o factor aluno no sistema de ensino é muito mais complexo do que se possa imaginar. Pois, vários são os factores que concorrem para que o processo de ensino/aprendizagem seja eficiente e eficaz, independentemente do país a que se quer ferir.
Não se resume apenas no querer e não querer do aluno. Acreditando nas opiniões avulsas e inconsistentes que se ouvem aqui e acolá, importa dizer que o “prazer de estudar” não é simples obra do destino ou da contingência. Acredita-se que ele está intimamente ligado à motivação do sujeito objecto do processo de aprendizagem.
Ou seja, o aluno estuda com aprazimento se o pedagogo for capaz de incutir na sua mente a concernente certeza de que o esforço que consente no processo de aprendizagem será recompensado. Se o estudo traz-lhe benefícios matérias e recompensas sociais na sua vida futura. Isto é, se lhe trás felicidade.
O que quer dizer que numa sociedade onde predomina a vida fácil, o nepotismo, o tráfico de influência, o compadrio, a corrupção, a promoção do demérito e a não literacia, a tendência marcante será no sentido dos mais temerários (os jovens e crianças) a não se importarem em adquirirem conhecimentos.
É como que dizer: para quê estudar se o fulano ao lado catapulta na hierarquia social e consegue tudo na vida sem ter passado por uma escola?
Com efeito, importa não se olvidar do papel sempre preponderante do Professor no processo de ensino/ aprendizagem.
Está provado cientificamente que, em circunstâncias normais, quando o aluno não compreender o transmitido pelo Professor, é porque Este não ensinou. E faz todo o sentido.
Faz todo o sentido, porquanto, inverso ao que o Professor desqualificado do ponto de vista pedagógico possa imaginar, o processo de aprendizagem não se resume ao simples transmitir de um somatório de conhecimentos e informações ilustrados por parte deste. Implica, acima de tudo, a sua percepção por parte do aluno, em harmonia aos níveis de conhecimento deste.
O quer dizer que se o aluno não assimilar é porque não houve aprendizagem. Para o efeito, existem técnicas cientificamente comprovadas para testar e comprovar em que momento há e em que momento não há aprendizagem. Técnicas aprimoradas mas de muito fácil aprendizagem.
Sinceramente, não sei se o sistema de ensino em Cabo Verde está apetrechado desses instrumento cientificamente contraprovados.
Um outro elemento muito importante no processo de ensino/aprendizagem tem a ver com o método de ensinamento utilizado pelo Docente, expedindo os conhecimentos programáticos de forma saudável, alegre e cativante, fazendo com que a educação não seja encarada como simples procedimento de transmitir - ideias feitas - o que é conhecido, porque ao alcance de todos; mas também como processo de desvendar o que é desconhecido.
Investigando um pouco mais, convém que o sistema ensino/aprendizagem cabo-verdiano interrogue a si mesmo, perguntando-se se para além dos factores externos já conhecidos de todos, a aparente desmotivação dos alunos cabo-verdianos e sequente “insucesso escolar” verificado durante o ano transacto não têm a ver, também, com o facto de se utilizar processos de ensino/aprendizagem mais adequados a criancinhas que a adolescentes, satisfazendo-se com a sensação de ter ensinado e a proclamada qualidade do ensino em Cabo Verde, respectivamente.
Fenómeno muito bem desenvolvido pela “ANDRAGOGIA”, considerada na Europa como paralela à PEDAGOGIA. Isto é, definida como a ciência ou arte de AUXILIAR o “adulto” a aprender.
Tudo para dizer, a grosso modo, que a tese relacionada com o insucesso escolar não deve ser dissecada só e só na perspectiva “responsabilidade” ou “irresponsabilidade” do aluno, mas sim e também na perspectiva que permite descobrir se o processo ensino/aprendizagem utilizado é o mais abrangente e o mais adequado.
Afinal, um tema muito aliciante, cujo debate pode fazer correr muita tinta em CABO VERDE.
03/10/12
ADRIANO PIRES

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