sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Muito antes do Bana e da Cesária... MARIA BARBA...

Muito antes do Bana e da Cesária
MARIA BARBA FOI A PRIMEIRA EMBAIXADORA DA MORNA
Foi ela que, pela primeira vez, terá cantado a morna fora das ilhas, em 1934, no Palácio de Cristal da cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na Primeira Exposição Colonial Portuguesa. Seis anos mais tarde, em 1940, terá cantado e encantado na Exposição do Mundo Português em Lisboa, tendo o sucesso sido tal que foi parabenizada pelo próprio Presidente de Portugal Marechal Carmona.
Seu nome? Maria da Purificação Pinheiro. Ou simplesmente Maria Barba (foto de 1934 em Portugal)


Maria Barba fica na história como co-autora da letra de uma das mais simples e das mais belas mornas jamais ouvidas, uma morna que leva o seu nome e ate hoje cantada por muitas das mais nobres vozes do arquipélago.
Mas quem é essa mulher que não se conhecia o rosto mas cujo nome merece figurar no Livro de Ouro da história da morna?
Neste dia em que comemoramos a elevação da morna à categoria de Património Imaterial do Mundo vale a pena recordar sua vida, prestando homenagem a essa “pioneira” da internacionalização da morna e que foi, também , uma das maiores “cantadeiras de frente de todos os tempos” e uma das maiores interpretes do seu tempo daquela que tornaria a “musica rainha de nos terra “ e hoje uma das relíquias da humanidade.

Maria Barba nasceu, provavelmente, em 1900, na Povoação Velha, Boavista, ali mesmo no berço da morna... Criancinha começou a cantar, rezando a a história que ela tinha que ser colocada de pé sobre uma cadeira. Cresceu, e sua fama de grande cantadeira também cresceu por toda a ilha e não só, sendo sua presença requisitada em tudo quanto era festa e cerimonia oficial das entidades coloniais da ilha da Boavista dos anos 30. Foi justamente numa festa oficial de despedida, na Povoação Velha, que o Tenente Serra , na hora da partida, a terá pedido para cantar mais uma morna a que Maria Barba simplesmente improvisou : “Senhor Tenente um ca podê canta más “.

VIDA SOFRIDA
Maria Barba casou cedo, com um rapaz de Santa Catarina, ilha de Santiago, que nunca foi aceite pela sua família. O casamento não deu certo e o marido voltou para a ilha de Santiago, ficando ela com duas filhas para criar ( Clarise e Aldonsa ). É talvez para estar junto das filhas e da mãe que era “fraca” ( o pai era morto e não “ malondre” como Bana foi o primeiro a cantar) talvez seja para estar junto da família que Maria Barba recusou o convite de empresários musicais para ficar em Portugal, preferindo voltar, em 1940, para a sua Boavista natal onde aliás só encontrou fome e desolação (era mais uma das terríveis estiagens).
No mesmo ano ( 1940) pegou nas suas filhas e embarcou para Bissau a bordo do navio Manito Bento (o mesmo que levava contratados para S.Tome ). Em Bissau Maria Barba “luta ku vida ” durante 34 anos, sempre a cantar a morna e outras melodias da sua ilha, sempre divulgando a musica da sua terra natal em serenatas e cerimónias oficiais, quase sempre acompanhado por Zezinho Caxote, um outro cabo-verdiano radicado em Bissau. Foi em Bissau que morreu aos 75 anos no dia 02 de Julho de 1975 ( nas vésperas da independência de Cabo Verde).



Link e fonte> Onda Kriolu
https://www.facebook.com/onda.kriolu/posts/3059839324028088?__tn__=K-R

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