sexta-feira, 27 de abril de 2012

Meu papel como educador

À luz do que foi a filosofia educacional de Paulo Freire devo dizer, modéstia à parte, que eu não ando muito longe do que ele propôs para a Educação. De facto, o educador deve conhecer a realidade sociocultural dos seus aprendentes. Estamos num mundo em intensa transformação e os nossos aprendentes muitas vezes estão a par dessas mudanças tecnológicas, sociais, económicas, políticas e principalmente educativas.

Ora, essas mudanças educativas no que tange aos paradigmas leva-me a pensar de uma maneira bem simples: quem ama não ensina, aprende. Se antes o foco era a transmissão dos conteúdos, ou seja, arte de ensinar hoje mais do nunca está voltado para a aprendizagem. Levar o aprendente a aprender a aprender, segundo o relatório da UNESCO a partir de agora a Educação deve apoiar-se nesses quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e com o outro e aprender a ser.

No entanto, o mais importante não é o professor lecionar todos os conteúdos do programa, não vale apenas cumpri-los. Assim acharíamos que pelo facto de fazer isso já cumprimos o nosso papel de professores. Não. Um educador vai muito além. Não fica pelos conteúdos, pelos temas da aula, ele explora os conhecimentos dos seus aprendentes e puxa pelo seu background e monta a sua aula a partir do diagnóstico feito. Um bom educador leva os seus aprendentes a viajar, a sonhar e porque não a criar os conhecimentos e aplicá-los nas situações do cotidiano. A educação possibilita ao indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar competências adquiridas na escola e na própria vida, com vista a um nível técnico e profissional mais qualificado.

Considero que a educação de Jovens e Adultos representa uma possibilidade que pode contribuir para efetivar um caminho e desenvolvimento de qualquer pessoa, em qualquer momento da vida. Para isso, é importante fazer um planejamento adequado para esse processo que é uma grande responsabilidade social e educacional, cabendo ao professor no seu papel de mediar o conhecimento. Porém, para ele conseguir isso, deve ter uma base sólida de formação, estar em constante atualização. Reconhecer em si mesmo como “ser” professor inacabado sempre aprendendo a conhecer -se para só depois conhecer o outro. É o que me faz caminhar nessa messe porque um professor é um eterno estudante, está sempre a aprender.

Como referiu o especialista inglês Timothy Ireland: o processo de educação no indivíduo tem três dimensões sendo estes: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão, todos precisam se atualizar. No social (sendo este, a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. (IRELAND, 2009, p. 36).

Em suma, cabe ao educador conhecer essas dimensões e trabalhar os seus aprendentes de forma a dar corpo a sua educação integral para poder enfrentar o mercado de trabalho com uma outra visão do mundo e ter consciência dos seus direitos e exercer plenamente a sua cidadania.

Ricardino Rocha



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