quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Binómio fantástico: A estrela e o peixe



A estrela e o peixe
Era uma vez uma estrela e um peixe.
Um dia o peixe estava sozinho no mar e decidiu fazer um pedido a uma estrela no céu. Olhou para o céu e pediu:
- Estrelinha, estrelinha, por favor, dá-me um amigo para que eu possa brincar com ele?
A estrela respondeu:
- Eu sou sua amiga, eu te acompanho e te protejo onde estiveres.
Então o peixe disse:
- Manda-me uma prova.
De repente, apareceram dois tubarões atrás do peixe e queriam comê-lo.
Ele correu, correu de um lado para o outro até que disse:
- Estrelinha, estrelinha, por favor, ajuda-me.
A estrela mandou um lazer e matou os dois tubarões.
 O peixe disse:
- Agora já sei que tenho uma amiga.
Jorge Correia, 8 anos da Escola Les Allizées, Praia

O Capuchinho Vermelho e o Lobo Bom



Elementos: poluição, cidade, telemóvel, GPS, incêndio, sopa de legumes, vegetariano.

Era uma vez uma menina chamada Capuchinho Vermelho. Ela morava com os pais na cidade. A cidade onde viviam era muito poluída. As pessoas jogavam água suja pelas ruas, algumas até, em vez de deitar o lixo nos contentores, deitavam-no no chão ao pé dos mesmos. Havia muito fumo no ar e muito barulho dos carros que passavam, a toda a hora, em frente à sua casa.
Um dia, os pais dela decidiram deixar a cidade e ir morar no campo. O ar do campo é mais saudável e, ainda por cima, a criança teria mais espaços para brincar porque na cidade corria o perigo dos carros na rua.
No campo, também morava a avô da Capuchinho Vermelho, mas só que ela morava nas montanhas de Pico d´Antónia.
Um dia a mãe disse à capuchinho:
 - Leva-me esses bolinhos para a tua avó, lá nas montanhas. A casinha é branca, tem uma porta e uma janela e fica entre duas grandes árvores da floresta. Toma aqui o teu telemóvel. Quando chegares lá, avisa-me para poder falar com a mamã. Não fales com desconhecidos na floresta. É perigoso.
  - Está bem, mãe.
Capuchinho saiu e ao entrar na floresta deu de caras com um lobo cansado e olhos arregalados.
  -Oi, linda menina de capuz vermelho!
- Olá, sr. Lobo. Não posso falar com você, porque a minha mãe proibiu-me, mas… o que te aconteceu para estares com os alhos arregalados e muito cansado?
 - Olha, minha linda menina – começou a chorar – na floresta onde eu morava, o homem colocou fogo e o incêndio espalhou-se… morreram todos os lobos. Só restou eu. Perdi toda a minha família!
- Coitadinho – disse a Capuchinho – desculpa, mas eu vou ver a minha avozinha e levar-lhe um bolo.
- Ai sim…E onde vive a tua avozinha?
- Vive numa casinha branca lá nas montanhas entre duas grandes árvores.
O lobo, já com água na boca, tirou o GPS e localizou a casa da avó pensando Nham nham, hoje eu não vou passar fome! E disse-lhe:
- Bem, Capuchinho Vermelho, vamos fazer uma aposta? Quem vai chegar primeiro à casa da tua avó?
- Está bem – respondeu ela.
- Tu vais por este caminho e eu noutro. Capuchinho Vermelho, gostei de te conhecer. Dá-me o teu número de telemóvel.
- Não posso. Minha mãe proibiu-me de dar o meu número de telemóvel para estranhos.
- Está bem, mas agora vou andando… até breve!
- Adeus, respondeu Capuchinho Vermelho - sem sequer imaginar o que o lobo estava a planear.
Como o lobo era muito esperto e manhoso, localizou a casa da avó. Ele pelo atalho, até a casa da avozinha, de modo a chegar primeiro que a Capuchinho Vermelho.
Quando lá chegou, bateu à porta da casa da avozinha. De dentro da casa, a avozinha que estava a fazer uma sopa de legumes, respondeu:
- Quem é?
E o lobo disse, com voz fina:
- É a Capuchinho Vermelho e trago um bolo para ti, avozinha.
A avó dirigiu-se para a porta e quando abriu a porta, o Lobo lançou-se para cima dela:
- Eu vou te comeeeeer!
A avó, com toda a calma do mundo:
- Se acalme, sr. Lobo. Comer carne é coisa do passado. A moda, agora, é ser vegetariano.
- Vegeta… o queê?
- Ve-ge-ta-ri-a-no. Com esse problema de carne que está no mundo, todo mundo agora prefere frutas e hortaliças. Quer provar a minha sopa de legumes? Tenho certeza que o senhor vai gostar. Sente-se aqui sr. Lobo.
O Lobo estava servindo a sopa quando Capuchinho chega finalmente a casa da avó. Vendo a porta entreaberta, bateu e disse:
- Está alguém em casa? Avozinha?
- Está sim. – respondeu o Lobo.
- Lobo! Como chegaste até aqui? – perguntou a Capuchinho admirada.
- Eu cheguei primeiro porque agora o que está na moda são as novas tecnologias. GPS! Ganhei a aposta.
A Capuchinho foi abraçar a avó e esta convidou-a a sentar à mesa com eles. Enquanto conversavam, um caçador que passava por ali escutou umas vozes na casa da avó, uma delas a do Lobo. Aproximou-se da casa e entrou de rompante e puxou o gatilho. Quando ia disparar a avó e a Capuchinho gritaram:
- Não atire! Ele é um Lobo bom. Agora ele é vegetariano.
- Vegeta… o quê?
- Vegetariano, sr. Caçador. Ele agora só come legumes e hortaliças. O sr. não está a ver como ele está a comer a minha saborosa sopa de legumes? Quer provar?
- Sirva-me um prato, por favor, estou esfomeado.
Os quatro sentados à mesa saboreando a deliciosa sopa da avó. O caçador prometeu nunca mais fazer queimadas na floresta. A Capuchinho telefonou à mãe relatando o sucedido.
 No final, como sobremesa, um delicioso bolo que a Capuchinho trouxe.
Marilene Pereira, CCB-CV

Professores do Ensino Básico aprendem Escrita Criativa



  O Centro Cultural Brasil-Cabo Verde arrancou, no ano letivo em curso, com o projeto Escrita Criativa na escola. Neste momento são dois projetos pilotos em desenvolvimento, com turmas do sexto ano de escolaridade, na capital cabo-verdiana. Um iniciativa decorrente da experiência do CCB-CV com a oficina de escrita criativa durante as suas atividades de verão.
O trabalho nas escolas onde funciona o projeto piloto visa, não só, promover o gosto pela leitura dos alunos, um total de 60, como também o gosto pela escrita e pela língua portuguesa. A médio prazo o que se pretende é ver o impacto dessa aprendizagem no desenvolvimento integral dos alunos participantes.
Essa iniciativa, e o trabalho de “contação” de histórias que o CCB-CV tem feito nas escolas e em lugares públicos, atraiu interesses de professores, de direções de escolas e instituições que querem multiplicar esse saber.  O Centro tem respondido, positivamente, a essa solicitação e em dezembro do ano passado participou de um programa de capacitação para a leitura e escrita em língua portuguesa, organizado pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).
Na altura, o professor Ricardino Rocha capacitou um grupo de 20 coordenadores de várias escolas do ensino fundamental da ilha de Santiago. A atividade foi uma espécie de vitrine para esta atividade específica do Centro e, desde então, têm-se multiplicado os convites para formação de professores. Exemplo disso é que o referido professor já esteve à frente de uma formação, realizada em fevereiro para um grupo de 27 na cidade de Assomada.
Mais recentemente, o mesmo professor dirigiu o mesmo curso na Escola do Ensino Fundamental, na localidade de Ribeira da Barca, para um grupo de 22 professores. Na altura alguns professores disseram que essas técnicas trariam um grande impacto: na forma como os professores abordariam o ensino da língua portuguesa, assim como os alunos sairiam a ganhar com esse jeito simples e prático do ensino da escrita.
Esse know how do CCB-CV em técnicas de contação de história e escrita criativa só foi possível a partir de uma formação dada em Cabo Verde, e na qual participaram professores do Centro, pelo Costurando Histórias. O grupo esteve em Cabo Verde, integrado na programação financiada pelo Departamento Cultural do Itamaraty, no ano de 2012.  Desde estão somaram-se milhares de crianças e dezenas de professores tocadas por essas atividades.